domingo, 26 de agosto de 2012

o preço do vazio


Em uma sociedade tão individualizada como a nossa, é preciso cada vez mais alguma coisa pra nos agarrarmos, para não nos perdermos completamente com a percepção de que estamos sozinhos. Por isso, é tão comum vermos jovens parecendo verdadeiros clones por usarem roupas e cortes de cabelo similres, agindo da mesma forma.

   A moda, assim como o futebol e a música, une as pessoas, que se prendem a isso como se fosse sua salvação, sua única esperança. Nos apegamos a um assunto que nos liga a outras pessoas e que nos garante aceitação em um certo grupo para perdermos o medo de ficarmos sozinhos. Muitos mudam seu jeito de ser apenas para não serem solitários.

   Vivemos de aparências, não mostramos quem realmente somos para não sermos julgados, para não nos destacarmos no meio de uma multidão homogênea, o que é contraditório com nosso modo de vida capitalista e individualista. Abrimos mão de sermos nós mesmos para sermos parte de um grupo, no qual aparentamos ser quem querem que sejamos.

   Sendo pessoas vazias e superficiais, precisamos preencher o "buraco" que temos dentro de nós, o que nossas falsas amizades de plástico não podem fazer. Como? Comprando. Enchendo nossas casas para tentar encher nosso vazio existencial. Trabalhando em empregos que odiamos para comprar coisas de que não precisamos e impressionar pessoas de quem não gostamos.

   O preço do vazio é caro demais para todos e é cobrado em dívidas no cartão de crédito, depressão e, muitas vezes, com a própria vida. O mal do século não é o amor, como dizem, e, sim, a falta dele. A falta de amor-próprio que nos traz tantos problemas.

Texto escrito por Vivian Gotelip. Obrigada, Vivian!
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Um comentário:

  1. Acho que uma coisa curiosa em tudo isso nessas busca por aceitação e ao mesmo tempo singularidade , é ver tanta gente sendo parecida em mil aspectos, como, seilá, gostar de animes, rock, jogos, pão com nutela, alegando ser diferente justamente por esses aspectos, usando isso pra chamar atenção. Acredito que é porque elas esquecem que seu verdadeiro valor, o que as tonar únicas, não é o gosto musical, ou qualquer outro, mas sim a personalidade, e que as pessoas que irão amá-las os amigos que farão, no frigir dos ovos verão essas frivolidades como um pequeno detalhe, e daí vivem se apegando a isso, querendo construir amizades em cima de todas essas superficialidades, deixando ser definida por gostos massivos, e continuam a se sentir vazia e solitárias.

    Algo no seu texto me fez lembrar um trecho de uma música do legião 'Digam o que disserem, não vão me convencer, o mal do século é a solidão. Cada m de nós imerso em sua própria arrogância esperando por um pouco de atenção'' .
    Adorei o texto.

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